terça-feira, 22 de junho de 2010

PORTIFÓLIO DA CARREIRA DE FABIANE DALANEZE /DRT 27173 RJ

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Demolição Criminosa Palacete Murilo Antunes Alves em Itapetiniga SP

A CULTURA SOB ESCOMBROS

Demolição do palacete Antunes Alves expõe descaso com a cultura em Itapetininga


Bastou a manhã do último Domingo 13, para que o casarão do celebre colega o Jornalista Murilo Antunes Alves, construída no início do século passado se transformasse em escombros. Sob os olhares atônitos dos vizinhos, uma máquina retro escavadeira colocou abaixo o imóvel de dois andares e um sótão. Foi na Rua Cesário Motta Esquina com Monsenhor Soares, centro de Itapetininga, bem em frente à catedral Nossa Senhora dos Prazeres na famosa Praça Duque de Caxias.
O centenário patrimônio Neo-Clássico do início do Século Passado agora é apenas uma imagem. E ela estampa a revolta contra a memória e a preservação de uma história de uma terra que um dia já foi conhecida como a Terra das escolas, onde apreendi que Patrimônio da Humanidade não se destrói. Há uma preocupação mundial em preservar os patrimônios históricos da humanidade, através de leis de proteção e restaurações que possibilitam a manutenção das características originais. A noção do quanto é necessário preservar nossas origens, não apenas através de construções históricas como também dos saberes e fazeres populares não é uma preocupação dos governantes dessa Cidade.
Estamos em um momento de grave crise em Itapetininga. Não, não é só crise financeira. É crise de inteligência Cultural mesmo. É crise de respeito. É crise de entendimento do que faz a nossa história. E, infelizmente, esta crise não é de hoje.
A memória tem um caráter primordial para elevação de uma nação de um grupo étnico, pois aporta elementos para sua transformação.
O patrimônio é nossa herança do passado, com que vivemos hoje, e que passamos às gerações futuras.
As entidades que procedem à identificação e classificação de certos bens como relevantes para a cultura de um povo, de uma região ou mesmo de toda a humanidade, visam também à salvaguarda e a proteção desses bens, de forma a que cheguem devidamente preservados às gerações vindouras, e que possam ser objeto de estudo e fonte de experiências emocionais para todos aqueles que os visitem ou deles usufruam. Onde estão essas entidades em Itapetininga? Que nada puderam calar a ganância de um grupo criminoso para transformar História em estaciomento ,estacionadas estão as idéias ,o carater dos governantes que postergam sem cuidar da própria memória.Dando chance a mão criminosa na calada da noite da destruição da história de um povo já tão sacrificado com os desastres da política local.
Lamentavelmente, vez por outra nos deparamos com pessoas cuja formação caracterológica apresenta deformações de tal porte, que deixam evidente o desrespeito ao próximo, o egocentrismo de que são portadoras, a ambição desmedida que revela em cada ato que pratica, não se detendo mesmo diante da imperiosa necessidade de preservar a memória de nossos valores .
Os comportamentos que emanam de seres humanos em que os desvalores se sobrepõem ao que realmente tem valia dentro de nossa escala de valores, certamente não tiveram condições de, desde o seu nascimento até o presente , assimilar os valores e qualidades que lhes foram transmitidos, só encontrando resposta às suas aspirações deformadas, na prática ou no exercício de coisas que, se os satisfazem, não importa que haja prejuízo dos demais.
É sabido que se o mundo vai mal, é porque os seres humanos não vão bem. Se o mundo não melhora, certamente é porque nós não somos melhores.
É conhecida também a expressão, que sabiamente nos diz que quem semeia o mal, colhe o mal.
O governo, em qualquer de seus níveis, deve procurar estabelecer a proteção do nosso patrimônio histórico, impedindo por força de lei que, preenchidos os requisitos para que um patrimônio seja considerado como ao abrigo da medida que se denomina tombamento, venha a ser destruído.
Faltou, com toda a certeza, a iniciativa para que essa medida tivesse sido adotada, o que revela um descaso impar. Se o representante do povo não dispensa sua atenção para impedir a ocorrência de um acontecimento da espécie, dificilmente poderá ser reconhecido como nosso representante.
A verdade é que, acima de tudo, faltou sensibilidade aos que promoveram o desastre a que nos referimos, bem como aos que assistiram o resultado danoso que essa destruição representa em nossa história.
Das pessoas que conheço, muitas são oriundas de Itapetininga outras ainda lá vivem, sem nunca terem se mudado para outras plagas. São algumas mais idosas, bem mais idosas do que eu.
Relatam, com muito orgulho, como se vivia nessa cidade, reconhecida nos tempos em que estudavam, como a "Terra das Escolas" , ou "Atenas do Sul" , e tudo faziam para que assim fosse reconhecida, mercê do número considerável de estabelecimentos de ensino básico, e da existência de uma Escola de Farmácia ,de uma Escola de Comércio, de uma Escola Normal, e Cursos Médios conhecidos à época como cursos Colegiais, com duas vertentes: Clássico e Científico. Ao quanto sabemos, nossa terra foi pioneira na instalação e funcionamento de cursos da espécie.
Na Escola Normal Peixoto Gomide com seus cursos, foram professores o senhor Antonio Antunes Alves, carinhosamente conhecido como "Seu Tonico" e sua esposa a senhora Floriza. Ele era professor de História e ela professora de Desenho. Eram amados por seus alunos.
Seu Tonico e Dª Floriza participaram ativamente da formação de várias gerações, que nunca deles se esquecem.
Se o demolidor tivesse tido conhecimento de quem eram os proprietários da propriedade que colocou abaixo, transformando em pó um patrimônio de valor histórico como o Palacete que destruiu, jamais seria capaz de repetir o ato que promoveu.
Desde a mais tenra idade, morando com minha família em casa próxima ao palacete Antunes Alves, despertavam minha curiosidade e admiração, a imponência daquela construção com linhas sóbrias, mas com os requintes de estilo, o que povoava meus sonhos infantis de histórias que minha mente criava.
Quem não se sente atraído pelo o que é belo, criando em suas esperanças, as mais belas imagens sobre o objeto de seus sonhos? Só mesmo quem não tivesse tido em sua vida, momentos para usar a faculdade de elaborar planos sobre um futuro ainda inexistente.
Várias vezes durante as semanas, eu ia sentar-me no primeiro degrau da escada de entrada do palacete, junto ao portão que cedia acesso ao imóvel por mim tão reverenciado, e ali construía idéias cheias de expectativas e que, em razão de minha idade, levavam-me a crer que tudo aquilo seria interminável, o que é próprio da infância.
Pensava eu que, em qualquer tempo, teria oportunidade de procurar o lugar onde eu me inspirava em meus devaneios, porque achava que deveria ser eterno.
Durante muitos anos fui aquinhoada com a visão agradável da casa que me servia de inspiração para o período mais romântico de minha vida, a juventude.
A imagem que já havia se fixado em meu eu, até alguns dias passados, era parte integrante de minhas memórias, pois que fazia parte de minha vida, por ter deixado marcas indeléveis no recôndito de meu ser, entre tudo o que reputo como de grande valia.
Hoje, ao ver que aquilo que eu procurava encontrar, como fazia por um longo período de minha existência, só restam pó e entulhos, fico constrangida e amargurada.
Tristemente, me deparo com o nada que restou do que era minha referência para o belo, para a poesia e para o romantismo.
Meus olhos ficam marejados de lágrimas, ao lembrar dos belos tempos em que eu podia ocupar alguns momentos do dia para contemplar a beleza daquele solar.
Não é por acaso que nos dias atuais já não se vê mais manifestações de apreço entre as pessoas, ou a valorização do que por sua natureza revela a beleza que contém.
A humanidade, aos poucos, vai se afastando de Deus e por consequência, de tudo que tem valor espiritual.

Fabiane  Vasconcelos Dalaneze